jsonp({titulo:"Quatro armadilhas para não cair",abas:[{titulo:"Eterna insegurança ",conteudo:"
O caminho do eterno estudante varia --mas em torno do mesmo tema: pais querem dar o melhor preparo ao filho, que se sente inseguro para começar a carreira. Para Daniela do Lago, o exemplo típico é o jovem que, ao terminar o ensino médio, passa um ano em outro país para estudar idiomas --o que deixou de ser um grande privilégio, com o alargamento da classe média e a valorização do real. Quando volta, sente-se despreparado para o vestibular. Então lá se vai mais um ano, agora no cursinho. Depois, entra para a faculdade. Mas lá vê que entre a expectativa e a realidade de uma carreira há um fosso enorme. Assim, pula de galho em galho em diferentes graduações --concluídas ou não--, procurando um caminho que finalmente o satisfaça por completo.
Por volta dos 27 anos, quando parece ter encontrado a profissão certa e já começa a pensar em constituir família, o eterno estudante se torna estagiário. Claro, ele não vai conseguir fazer fortunas --afinal, o estágio é uma época de aprendizado, e não de realizações. Só que seu espelho não é o colega sete anos mais novo, que entrou na vaga junto com ele. Seu espelho é Mark Zuckerberg, que co-fundou o Facebook antes de completar 20 anos e oito anos depois é multimilionário. O jovem fica revoltado, e os pais, em vez de incentivá-lo a encarar os fatos difíceis da vida, acabam dando corda: "Isso mesmo, filho, R$ 500 para alguém tão bem preparado é um absurdo". Ele acaba pedindo demissão e parte para o próximo estágio, que trará a mesma frustração. E lá vem a velha fuga --por que não fazer uma especialização?
A frustração do início de carreira não está apenas no pouco dinheiro e em tarefas desestimulantes, mas também na subordinação às regras e à hierarquia da empresa. É verdade que o ambiente universitário pode ser exigente com quem cobra muito de si. Mas também é permissivo com quem não quer assumir responsabilidades. Já na vida profissional não há espaço para adolescência tardia. Algumas empresas podem até ter mesa de sinuca, pufes para descansar e horários flexíveis. Mas mesmo as mais descoladas serão um lugar de trabalho, exigência de resultados e de subordinação. "O jovem, necessariamente, terá um chefe que lhe cobrará produtividade --talvez pela primeira vez na vida", diz o consultor José Augusto Minarelli. É engolir ou pedir para sair.
O que fazer
É ótimo ter pais bem-sucedidos. Ou ter possibilidade de financiar um filho adulto. Mas os pais, normalmente, conseguiram a estabilidade com sacrifício e não querem que o filho passe pelas mesmas dificuldades. Porém, trabalhar não é demérito. Os mais jovens precisam enfrentar as dificuldades da vida real e aprender que não existe medalha de ouro para todo competidor. É necessário aprender o que é ter um chefe e o que é o mercado de trabalho, para absorver o valor de cada conquista. É importante saber que o conhecimento só é válido quando gera transformação. Aprendizado que não é posto em prática não tem o mesmo valor da experiência.
Aos 30 anos, o jovem vê seus pais se aposentarem e planejarem sonhos para os quais nunca tiveram tempo. Com a aposentadoria, a renda da família também começa a diminuir. Finalmente, o filho deixa de ser um investimento e se torna um gasto. Nesse momento, não há mais escolha. O estudante precisa deixar de ser eterno. Só que isso significa encarar o mercado de trabalho nas mesmas condições que um concorrente dez anos mais novo. Responsabilidades? Ele não pode mais se iludir: elas são atribuídas de acordo com a experiência, e a dele é quase nenhuma. Salário? Também é medido pela experiência. "Mesmo um pesquisador vai ser medido pelas pesquisas consolidadas, e não pelas em potencial", diz Daniela do Lago. Os sapos não têm mais como não ser engolidos.