jsonp({titulo:"Por dentro da batalha",abas:[{titulo:"Ford Mustang inaugurou era nos EUA",conteudo:"
Na década de 1960, os Estados Unidos passavam por um momento histórico cheio de tensões sociais, mas também de renovação cultural quase completa. No movimento contrário, o setor automotivo seguia sem grandes novidades, repleto de veículos grandes e lentos, como o Ford Galaxie ou Fairlane, além de Chevrolet Impala e Chevelle.
Foi nesse quadro que, em abril de 1964, a Ford lançou o Mustang. Compacto, jovial e potente, tornou-se símbolo de liberdade e alcançou um recorde de vendas nunca antes registrado pela marca. No primeiro ano, entregou 410 mil unidades -- para medidas de comparação, o modelo mais vendido no Brasil, o VW Gol, teve 293.454 unidades emplacadas em todo ano de 2011, o melhor da história do Brasil, de acordo com a Fenabrave.
Popular, ganhou letras de música e dividiu espaço com celebridades no cinema -- "Bullitt" (1968) teve Steve McQueen e um Mustang nas telas.
Além do visual inovador, um dos diferenciais do Mustang era sua ampla lista de itens opcionais. Inicialmente, o modelo era vendido nas opções cupê e conversível, e seus proprietários poderiam escolher entre os motores V6 170" (2.8) de 101 cv, V8 260" (4.3) de 164 cv, a V8 284" (4.6) de 210, além do V8 289" (4.7) de 271 cv. O consumidor também podia escolher entre diferentes tipos de pneus, rodas, revestimento do interior, entre câmbio manual ou automático e até mesmo relações de marcha.
Apesar de esportivo, o Mustang era versátil para toda a família -- podia ser utilizado pelo marido para ir ao trabalho, transportava até quatro ocupantes (bom para levar as crianças para a escola) e seu porta-malas o tornava um veículo útil para as compras. Seus 1.100 kg empurrados pelo potente V8 também agradavam aos adolescentes mais afoitos para as tradicionais arrancadas de 402 metros (quarto de milha).
Em 1965, o Mustang recebeu face-lift, teve o dínamo substituído por um alternador e ganhou a versão fastback, modelo utilizado como base para a versão desenvolvida por Carol Shelby, a GT350. A série do renomado preparador ganhou direção mais direta, suspensão enrijecida, diferencial encurtado, perdeu o assento traseiro e recebeu ajustes no V8 de 289 polegadas cúbicas para produzir 306 cv, potência elevada para a época.
Outra configuração famosa do Mustang surgiu em 1969, a Boss 302. Desenvolvida para credenciar o pony car no SCCA (Sport Car Club of America) e habilitá-lo a participar da categoria de corrida Trans-Am, seu conjunto usava um V8 302 de 290 cv, câmbio de quatro marchas, além de reajuste na suspensão e caixa de direção, pneus e rodas especiais, entre outros. No mesmo ano, recebeu uma versão Boss 429, com um V8 criada inicialmente para corridas de Nascar.
DERRAPAGEM
Em 1974, o Mustang entrou em sua segunda geração, com carroceria menor, mas mais pesada e motores menos potentes, em função da restrição às emissões de poluentes. Isso abalou seus fãs, mas foi em 1979, na terceira geração, que a Ford "desandou" com o pony car.
A marca criou sub-versões do modelo, inclusive com motorização quatro cilindros e tração dianteira, abalando a tradição do motor V8 com tração traseira. Foi quase como dar um tiro de espingarda no pé: ele nunca mais seria o mesmo.
RETOMADA
A Ford restabeleceu o rumo do Mustang apenas em sua quarta geração, em 1994, com as motorizações 3.8 V6 de 145 cv e 4.6 V8 de 225 cv. Quando essa linha foi encerrada, em 2004, o modelo já extraia 190 cv do V6, 320 cv do 4.6 V8, e bons 390 cv na configuração 5.0 V8 supercharger da SVT (Special Vehicle Team, divisão esportiva da marca). A quinta e mais recente geração do Mustang foi lançada em 2005, e impactou pelo estilo moderno, mas inspirado na versão original.
O fato de ser um veículo amplamente vendido no exterior há décadas permitiu ao Mustang inúmeras possibilidades de upgrade, dos mais leves aos mais extremos, em todas as suas gerações.
No Brasil, o Mustang não tem a mesma representação exercida em sua terra natal, mas não deixa de ser bem cotado pelos apaixonados por automóveis. Além de ser representante da história norte-americana, as unidades que por aqui chegaram (sempre de forma independente) tornaram-se jóias exclusivas e uma excelente base para modificações.
Mustang 2013 ganha grade maior e faróis com lâmpadas de xenônio, em combinação com filetes de LED. O motor V8 da versão GT agora produz 420 cavalos e o câmbio é automático sequencial de seis marchas. Chega ao mercado americano no segundo trimestre de 2012.
Com a tomada dos Estados Unidos pelo Ford Mustang, a Chevrolet não tardou em orientar seus engenheiros a desenvolverem um veículo para disputar mercado com o bem sucedido pony car da marca rival. O resultado, apresentado ao público em setembro de 1966, foi batizado de Camaro. Suas principais armas eram o visual agressivo, a carroceria compacta, além das opções 250" (4.1) seis cilindros em linha e mais cinco V8: 302" (4.9), 307" (5.0), 327" (5.4), 350" (5.7) e 396" (6.5).
Ainda assim, o número de vendas inicial do Camaro não chegou próximo ao obtido pelo rival. Embora não tenha sido um fracasso de vendas, o modelo da GM teve "somente" 220 mil unidades comercializadas no primeiro ano, pouco mais que a metade alcançada pelo Ford no período.
Entre os fatores que podem ter levado à menor aceitação do Camaro, estava o fato da Chevrolet enfrentar uma década difícil em função de seu modelo Corvair, fabricado entre 1960 e 1969, e duramente criticado no livro "Unsafe at Any Speed" (1965, não lançado no Brasil, mas que pode ter seu título traduzido como "Inseguro a qualquer velocidade"), de Ralph Nader.
Segundo a publicação, o Corvair havia sido produzido sem a barra estabilizadora dianteira por corte de custos, e sua suspensão traseira oferecia estabilidade precária, causando inúmeros acidentes. No período de circulação, cerca de cem processos contra a Chevrolet estavam ocorrendo em função do Corvair, diminuindo consideravelmente a credibilidade na marca e afetando também as vendas do Camaro.
Mas o fato é que o muscle-car da Chevrolet tinha poder de fogo para brigar com o Mustang: foi comercializado nas versões RS (de Rally Sport), cujo apelo maior era visual, com detalhes na carroceria e faróis "escondidos"; SS, com motores maiores e reajustes no chassi para melhor dirigibilidade; esportiva Z/28 com nova suspensão, câmbio manual de quatro marchas, freio a disco na dianteira e faixas na pintura, motor 302 V8 munido de coletor de admissão de alumínio, carburador Holley de 780 cfm, novo comando de válvulas, entre outros ajustes, que gerava anunciados 290 cv -- mídias internacionais afirmam, entretanto, que o modelo produzia potência real próxima de 360 cv, na época.
Em 1968, a busca por maior rendimento no Chevy era tanta que algumas concessionárias nos EUA ofereciam, por conta própria, um V8 big block 427" (7.0) de 430 cv no muscle-car.
Na segunda (1970-1981), terceira (1982-1992) e quarta (1993-2002) gerações, o Camaro cresceu e recebeu design distante do original. As vendas caíram e, diferente do Mustang, o modelo teve sua produção encerrada em 2002.
RENASCIMENTO
A quinta geração do Camaro foi exibida como conceito no Salão de Detroit em 2006 e, em 2007, ganhou visibilidade mundial com a aparição no filme "Transformers", dirigido por Michel Bay, como o robô herói Bumblebee. A GM iniciou as pré-vendas do modelo em 2008 e sua primeira unidade foi entregue em abril de 2009. Em 2010, o Camaro teve 81.299 carros vendidas nos EUA, enquanto o Mustang entregou 73.716. Já em 2011, o modelo da Chevrolet registrou 88.249 unidades, contra 70.438 exemplares do rival. O jogo acabou virando de lado.
Para os ianques, a mais recente geração do modelo é vendida nas versões RS (3.6 V6 de 305 cv), SS (6.2 V8 LS3 de 425 cv na configuração manual e 406 cv na automática) e, mais recentemente, a ZL1 (6.2 V8 LS9 supercharger de 580 cv) -- as opções V8 são oriundas do Corvette, dispondo de inúmeras opções de upgrade.
Diferente do Ford Mustang, o Camaro é importado oficialmente para o Brasil, mas apenas na configuração automática, de 406 cv. Além de divertido de dirigir, o modelo dispõe o V8 mais barato vendido em nossa praça (R$ 199.000, com o reajuste do IPI), e emplacou 1.779 unidades em 2011.
A versão mais forte do Chevrolet Camaro, a ZL1, também terá variante conversível. O motor é um V8 6.2 de 580 cavalos com torque de 75,54 kgfm. Estreia no final de 2012.