Jornalismo online nos EUA - 2006 - Introdução

Introdução

Em 2005, a web continuou crescendo como fonte de notícias nos Estados Unidos. A imagem também começou a apresentar mais nuances. Em vez de ser apenas uma coisa nova em crescimento, começamos a ver forças, fraquezas e sinais de maturidade.

O universo das pessoas que usaram a web, por exemplo -- para obter notícias ou qualquer outro fim --, não aumentou mais tão rapidamente, mas a freqüência com que as pessoas recorreram ao meio foi crescente. Em vez de ser uma coisa que mais pessoas estavam descobrindo, a Internet tornou-se uma parte maior de sua vida cotidiana.

A economia da web também começou a amadurecer. Mais sites passaram a ser rentáveis, e houve mais sinais de que os produtores começam a cobrar pelo conteúdo na web, pelo menos alguns conteúdos. Enquanto as receitas continuaram crescendo rapidamente, também ficou mais claro até onde a web precisa ir financeiramente para concorrer com a antiga mídia. A web ainda não parece ser um veículo tão desejável para os anunciantes quanto o que ela está substituindo. Os concorrentes na web que oferecem classificados ou agregam o trabalho de outras pessoas, mas produzem muito pouco conteúdo jornalístico próprio, continuaram roubando receitas. Ainda não aparece um caminho claro para transferir para esse novo veículo toda a riqueza que há muito tempo financia o jornalismo, para o bem da sociedade civil. Por enquanto, a menos que as coisas mudem, parece que os recursos dedicados ao jornalismo profissional continuarão encolhendo enquanto a web cresce.

As incógnitas que poderão mudar isso incluem a tecnologia, pelo menos em parte. A banda larga, o vídeo pesquisável, dispositivos sem fio e o download de notícias em um telefone ou iPod poderá mudar a equação financeira? Se as pessoas não querem pagar para ter vídeo em seus computadores, pagarão para ter em seus celulares ou PDAs, como hoje?

Também houve outras evidências de que as grandes empresas proprietárias da antiga mídia continuarão tentando comprar a web. O crescimento explosivo de blogs pessoais (mais formalmente, "web logs") pareceu diminuir. Alguns blogs proeminentes passaram a trabalhar dentro de sites de corporações para ganhar a vida. E os sites que receberam maior tráfego continuaram sendo os de propriedade das maiores companhias.

Talvez, para o jornalismo, a notícia mais promissora seja que finalmente pareceu haver mais investimento para a produção de jornalismo online. Também em sua retórica a web está se tornando importante. Um dos principais motivos, provavelmente, é que grande parte do crescimento financeiro de muitas dessas empresas em 2005 veio da nova mídia. Mas isso também sugere que a Internet ainda pode ser uma equação passo-a-passo para muitas companhias. A evidência, embora esboçada, sugere que uma parte maior do investimento vai para tecnologia, e não recursos humanos para obtenção de notícias. Ainda não está claro se a antiga mídia adotou em sua cultura corporativa a intenção de ser a inovadora da nova mídia.

No início de 2006, estava claro que os americanos vêem a Internet de uma perspectiva cada vez mais complexa. A atração da web é sua conveniência, interatividade, diversidade e controle. No entanto, quanto mais pessoas usam a web, menos confiam nela. Os sites mais confiáveis são cada vez mais os da antiga mídia tradicional. Mesmo as pessoas que gostam de blogs, por exemplo, desconfiam deles. Elas os procuram pela energia, a discussão e a autenticidade que ali encontram, e não para informação séria e confiável. O público, como parece de maneira crescente, acessa partes diferentes da Internet por motivos diferentes.

As maiores perguntas continuam sendo as que envolvem os resultados financeiros. O jornalismo online em 2006 ainda é jovem. Como um adolescente, está aprendendo o que pode fazer. Está até ganhando um pouco de dinheiro. Mas ainda não está realmente se sustentando. E ainda não tem certeza absoluta do que fará quando crescer.