Reuters endurece regras devido a uso de Photoshop


LONDRES (Reuters) - Como resposta à publicação, no ano passado, de duas fotos alteradas digitalmente, a Reuters nomeou, na quinta-feira, um novo fotógrafo-chefe para o Oriente Médio e disse ter tornado mais rígidos seus procedimentos de edição.


As medidas são algumas das várias anunciadas por David Schlesinger, editor-chefe da agência mundial de notícias e informação, depois de uma investigação interna que, segundo ele, resultou em uma ação disciplinar.


As duas fotos, ambas referentes à ação militar de Israel no Líbano durante a guerra ocorrida ali em agosto passado, foram tiradas por um fotógrafo freelance, Adnan Hajj.


A Reuters rompeu seus laços com Hajj como resultado de um inquérito preliminar realizado pouco após blogueiros terem levantado a hipótese de alteração das fotos por meio do programa de computador Photoshop. Todas as imagens fornecidas por Hajj foram retiradas do banco de dados da Reuters Pictures, que vende fotos.


"Editores de fotografia experientes e outros membros importantes de nosso staff editorial analisaram milhares de fotos publicadas durante o conflito no Líbano", disse Schlesinger em uma nota divulgada no Editors Blog (blog do editor) do site reuters.com.


"Estamos convencidos de que nenhuma outra foto foi alterada digitalmente."


Segundo Schlesinger, a Reuters não ficou satisfeita com os procedimentos de verificação então em voga e que permitiram a publicação das duas fotos.


A agência tornou mais rígidos os procedimentos de edição a fim de garantir que apenas editores de fotografia seniores manuseiem as imagens mais polêmicas, ampliou seus investimentos nas áreas de treinamento e supervisão e aumentou o rigor do código de conduta para os fotógrafos, disse Schlesinger.


DIRETRIZES MAIS RIGOROSAS


Hajj, que é libanês, começou a trabalhar para a Reuters como freelance em 1993 e especializou-se na área de esportes.


O trabalho dele começou a ser questionado depois da publicação, no dia 5 de agosto, de uma foto mostrando uma nuvem de fumaça saindo de Beirute depois de um ataque aéreo de Israel.


A imagem foi digitalmente adulterada usando a ferramenta de "clonagem" do Photoshop com o intuito de aumentar a quantidade de fumaça presente.


Hajj negou ter adulterado deliberadamente a foto.


Ele também negou ter mexido na foto de um caça F-16 israelense sobrevoando o sul do Líbano. Análises técnicas concluíram que essa imagem também sofreu uma alteração por meio do mesmo instrumento do Photoshop, dessa vez para aumentar de um para três o número de sinalizadores despejados pelo avião.


Os fotojornalistas costumam usar o programa de computador para cortar as imagens e corrigir pequenas imperfeições. Mas é vetado o uso do Photoshop para realizar grandes mudanças em uma imagem.


Segundo Schlesinger, a Reuters trabalha atualmente com integrantes dos setores de fotografia e de softwares a fim de determinar se ferramentas técnicas podem ser elaboradas para identificar eventuais fraudes digitais.


"Mostramos que, quando erros são cometidos, assumimos a responsabilidade e realizamos mudanças", afirmou o editor-chefe.


(Por Paul Holmes)


 


Publicado em Reuters


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