The State of The News Media 2008. Mídia online - audiência

do Project for Excellence in Journalism

Enquanto o número de pessoas conectadas à internet continua crescendo, o modo como elas usam a rede está mudando rapidamente, assim como o que elas acessam e com que freqüência visitam os sites.

Os americanos estão entrando online mais freqüentemente, passando mais tempo conectados e contando mais com buscas e links do que com destinos de marcas conhecidas para navegar na web. Elas também passam mais tempo examinando conteúdo e menos tempo enviando mensagens eletrônicas. O vídeo está se tornando mais importante. E, embora ainda seja uma atividade de nicho, o acesso à rede por telefone celular deverá crescer bastante, graças a uma revolução que poderá ser liderada pelo iPhone da Apple.

A web está se tornando uma parte mais integral da vida das pessoas. Oito em cada 10 americanos de 17 anos ou mais dizem hoje que a internet é uma fonte crítica de informação - contra 66% em 2006. Segundo o mesmo estudo, mais americanos identificaram a internet como uma fonte de informação mais importante do que a televisão (68%), o rádio (63%) e os jornais (63%).

Outra pesquisa revelou que um terço dos americanos hoje diz que a internet é a mídia mais essencial (contra 20% em 2002), ficando atrás da televisão por apenas 2 pontos percentuais.

O universo online

Em 2007, conforme crescia o número de pessoas online, também aumentou a freqüência com que elas acessam a rede, assim como o tempo que passam nela.

Ao todo, 75% dos americanos adultos usam a internet, segundo dados do Projeto Pew Internet e Vida Americana obtidos de 24 de outubro a 2 de dezembro de 2007. A porcentagem era de 70% no mesmo período em 2006.

Porcentagem da população que já acessou a rede:


Fonte: Pew Internet & American Life Project, http://pewinternet.org/

Quando se pergunta aos entrevistados sobre o uso mais regular - por exemplo, se entraram na rede "ontem" -, há um crescimento ainda maior: 72% dos usuários de internet disseram ter acessado a rede na véspera, contra 65% em 2006, segundo a pesquisa.

Porcentagem da população que acessou a rede "ontem":


Fonte: Pew Internet & American Life Project, http://pewinternet.org/

Dados de outras fontes parecem confirmar esse resultado. Segundo o Centro Annenberg para o Futuro Digital, da Universidade do Sul da Califórnia, os americanos de 17 anos ou mais passaram 15,3 horas por semana online em 2007, mais de uma hora por semana a mais que em 2006.
Em uma pesquisa Harris de novembro de 2007, os americanos disseram ter passado 11 horas por semana online, contra 9 em 2006 e 8 em 2005.

Leitura de notícias online

Quantos desses americanos entram na rede especificamente em busca de notícias?

Quase três quartos dos que acessam a internet o fizeram para ler notícias em algum momento em 2007, porcentagem que não mudou nos últimos cinco anos, apesar de o universo total de usuários da rede ter crescido nesse período.

Mas, como ocorre em relação ao uso mais geral, o número dos que entram na rede habitualmente para ler notícias está crescendo.

No final de 2007, mais de 7 em cada 10 americanos (71%) disseram ter acessado para ler notícias, o mesmo número relatado em 2002, segundo o Projeto Pew de Internet e Vida Americana. Mas o número dos que disseram acessar com maior regularidade cresceu consideravelmente. Na pesquisa de outubro a dezembro, 37% acessaram a rede "ontem" para ler notícias, contra 30% que o fizeram no mesmo período de 2005 e 26% em 2002. Esse é o número mais alto registrado pelo Projeto Pew de Internet.

Consumo de notícias online
Porcentagem de usuários de internet:


Fonte: Pew Internet & American Life Project, http://pewinternet.org/

Vídeo online

Um elemento do crescimento da internet é o uso de vídeos, mas o quanto ele cresceu é incerto.

Segundo um estudo de 2007 da Associação de Publishers Online, 44% dos usuários de vídeo online dizem que os assistem pelo menos uma vez por semana - contra 24% um ano atrás. O uso mais freqüente também aumentou, segundo o estudo: 8% dizem assistir vídeos online diariamente, contra 5% um ano atrás.

Um estudo diferente, da firma de pesquisas de mercado Horowitz Associates, dá um número ainda maior entre os usuários de internet em alta velocidade. Ele concluiu que 61% deles assistiam conteúdo de vídeo online pelo menos uma vez por semana, contra 36% em 2005.

Enquanto isso, o primeiro grande relatório do Projeto Pew sobre vídeo online mostra que em março de 2007 57% dos adultos usaram a internet para assistir ou baixar vídeos, e 19% o fazem em um dia típico. Dos que têm banda larga em casa ou no trabalho, 74% dizem ter assistido vídeo online.
Outra pesquisa sugere que o consumo regular de vídeo online poderia ser bem menor.

O Leichtman Research Group, que examinou a população como um todo, descobriu que apenas 4% dos adultos com mais de 18 anos assistem vídeo online em casa todos os dias, e 14% só uma vez por semana. Em comparação, 93% de todos os adultos passam pelo menos uma hora por dia assistindo televisão.

Seja qual for o número, a audiência maior é um bom presságio para o vídeo nos sites de notícias. Os vídeos de notícias aparecem entre os mais assistidos em diversos estudos.

A pesquisa do Projeto Pew revelou que as notícias são o gênero mais procurado, superando comédia, filmes e televisão, música e esportes. Trinta e sete por cento dos usuários adultos de internet relatam já ter assistido notícias em vídeo online; 10% disseram ter assistido "ontem".

Outra pesquisa também revela que o noticiário é a categoria de vídeo online mais procurada. Segundo um estudo da Associação de Publishers Online, 14% dos usuários de vídeo disseram que assistem vídeo online numa base diária, contra 5% um ano atrás. Um terceiro estudo, da Advertising.com, revelou que as notícias eram a categoria líder (62%), seguida por trailers de filmes (38%) e vídeos de música (36%).

Ao mesmo tempo, cada vez mais investidores consideram essa mídia lucrativa. Um estudo da Dow Jones descobriu que o capital de risco investido em novas empresas ligadas a vídeo aumentou 95% em 2007 sobre 2006, alcançando US$ 682 milhões.

Quem tem maior probabilidade de assistir vídeos de notícias online? Todo mundo, exceto os jovens adultos, segundo pesquisa do Projeto Pew feita em fevereiro e março de 2007.

Esses americanos mais jovens, o grupo de 18 a 29 anos, preferem comédia (56%, contra os 43% que disseram assistir notícias). Mas até a comédia pode se qualificar como notícia para alguns. "Grande parte do conteúdo visto por jovens adultos, como clipes do The Daily Show ou do The Colbert Report, fica numa linha imprecisa entre notícias e comédia", afirmou o relatório Pew, referindo-se a dois programas do canal a cabo Commedy Central.

O crescimento da audiência de vídeos traz uma mudança significativa para as possibilidades e as atrações da web, que durante muitos anos permaneceu amplamente baseada em texto. A indústria de jornais, que usou a estrutura de texto para sua vantagem na web, parece ter compreendido essa mudança para uma plataforma mais baseada em vídeo. Com maior concorrência online de outros noticiários baseados em vídeo, o setor está tentando se equilibrar, ao mesmo tempo tentando encontrar recursos e tempo para treinar pessoal em narração de matérias em vídeo (ver Capítulo Jornal).

Como o consumo de vídeo online está afetando a audiência de televisão? Por enquanto os dados são conflitantes.

Um estudo descobriu que 32% dos espectadores freqüentes do YouTube diziam que o tempo que passaram vendo televisão provavelmente foi balado, e 36% disseram que sua audiência no YouTube diminui as visitas a outros sites. Mas pesquisas da Advertising.com chegaram a uma conclusão diferente: 80% dos americanos disseram que o uso de vídeo online não diminui sua audiência de televisão.

Mudanças na maneira de acessar informação online

A mudança mais importante na internet em 2007 talvez não seja no tamanho da audiência em si, mas o crescente reconhecimento de como as pessoas usam a mídia. E isso pode começar pelo modo como elas chegam aos sites da web.

Durante anos, boa parte da estratégia dos principais sites ligados a grandes companhias, especialmente de notícias, foi atrair os usuários para uma home page ou seção inicial e tentar mantê-los ali. O site do New York Times, por exemplo, apresenta seu próprio conteúdo, como a maioria dos outros sites jornalísticos. Algumas pessoas compararam isso a entrar em um jardim cercado de muros.

Até sites agregadores como America Online tentaram criar uma boa quantidade de conteúdo proprietário para convencer o usuário a escolhê-lo como provedor de internet.

Para muitos, especialmente sites engajados na produção de notícias, o "jardim murado" [walled garden] se ligava a antigos e acalentados princípios profissionais. Os visitantes eram dirigidos ao conteúdo que o site podia garantir, geralmente já avaliado. Isso era vital para o conceito de marca - o motivo para ir ali: "Se está aqui, você pode confiar".

O enfoque era para colecionar olhos, e qualquer link que enviasse os leitores para outro site era recusado. "Um link que fosse para o site de um concorrente era quase uma traição", disse Mark Glaser, autor de MediaShift, um weblog da PBS que rastreia a net.

Mas no início do desenvolvimento da rede surgiu uma filosofia diferente. Agregadores como Yahoo, e mais tarde o Google, não produziam notícias mas ajudavam o usuário a navegar por trabalho produzido por outros. Os blogs representaram uma espécie de híbrido, um lugar onde os indivíduos oferecem comentários mas também passam notícias e remetem os visitantes para outros blogs - notícias e opinião como um diálogo social. O mesmo valia para os sites de redes sociais e marketing viral.

Em 2005, Dave Winer, um blogger pioneiro que provocou o desenvolvimento dos feeds Really Simple Syndication, ou RSS, começou a ver o valor de fazer os sites de notícias imitarem, pelo menos um pouco, o modelo de portal.

"Imagine colocar suas melhores notícias com links para páginas com seus anúncios, na coluna direita de um agregador no estilo River of News com todas as notícias de seus concorrentes nela (e weblogs também, é claro)", ele disse. "Hoje os leitores não precisam mais ir para as páginas dos seus concorrentes. Você apenas lhes deu um incentivo para vir a você para ler as notícias deles."

A mudança de que Winer falava era muito ousada, e a maioria dos sites de notícias se ateve ao que já conhecia. Ainda em 2007, o PEJ concluiu que a maioria dos sites mantinha os usuários em seu próprio conteúdo.

Mas podemos ver 2007 como o ano em que os consumidores puderam agir mais diretamente sobre suas preferências, em vez de ser conduzidos a elas.

Em 2004, a maioria dos usuários chegava a um site da web através de sua home page, relatou a revista Advertising Age em abril de 2007. Embora a revista não oferecesse dados concretos sobre isso, tinha alguns números sobre como as coisas funcionavam. Em 2007, só 43% dos usuários chegaram aos sites por meio de suas páginas iniciais, relatou a revista. Quase 57% disseram entrar em contato com um site clicando para uma página interna.

Em alguns sites os números podem ser maiores. O editor de um dos maiores sites de jornais dos EUA nos disse nos bastidores que dois terços do tráfego do site de seu jornal não vêm pela home page, mas na verdade pela porta lateral, através de agregadores, links de blogs e outros meios.

Quando o New York Times anunciou em setembro de 2007 que não cobraria mais dos leitores pelo acesso a suas colunas de opinião, um artigo no jornal explicou da seguinte maneira:

"O que mudou", disse o Times, "foi que muito mais leitores começaram a chegar ao site através de máquinas de busca e links de outros sites do que diretamente pelo NYTimes.com. Esses leitores indiretos, incapazes de ter acesso aos artigos pagos, e menos inclinados a pagar assinatura do que os usuários diretos, mais leais, foram vistos como oportunidades de mais page views e maior receita de publicidade."

Esse, por sua vez, é um dos principais motivos para Rupert Murdoch ter considerado por algum tempo abolir a necessidade de pagar pelo conteúdo do Wall Street Journal online. Acreditava-se que o jornal estava perdendo mais em receita de publicidade potencial com o tráfego maior do que ganhava com assinaturas, mas Murdoch disse em janeiro de 2008 que o jornal continuaria cobrando pelo acesso à maior parte de seu site. Murdoch, que assumiu o controle do jornal um mês antes, finalmente decidiu que continuará sendo pago, pelo menos por enquanto, segundo membros da companhia.

Essa constatação está mudando a maneira como os sites são desenhados, incluindo os noticiosos. "O walled garden acabou", disse o editor de um dos sites mais populares do país.

De fato, uma análise do PEJ de dezembro de 2007 revelou que alguns sites locais, como a versão online do Cleveland Plain Dealer e vários outros de propriedade do Advance/Newhouse Group, uma das cinco maiores companhias jornalísticas em circulação diária, agora contêm links para conteúdo externo. Mas isso não é novidade só para os jornais menores. O Los Angeles Times, o quarto jornal dos EUA, anunciou em fevereiro de 2008 que adotou a possibilidade de colocar links em suas reportagens.

Alguns dos principal sites de mídia deram um passo além, livrando-se de grande parte do trabalho de atualizar links externos usando a "desagregação". O CBS.com e o Washingtonpost.com, por exemplo, agora inserem em suas páginas códigos chamados widgets, que trazem conteúdo ao vivo - publicidade, links ou imagens - de terceiros sem a necessidade de monitoração constante.

Agregadores como Sphere, Technorati e Newsgator também ajudam os sites de notícias a acompanhar a onda de conteúdo online que pode ser útil para os leitores. Por exemplo, Technorati, o líder, rastreia 112,8 milhões de blogs e mais de 250 milhões de peças com marcadores de mídia social.

Mais uma vez, o conteúdo é rei

Essa natureza horizontal do tráfego na web - pessoas mudando de sites, caçando e coletando à vontade - também pode estar ligada a outra crescente constatação sobre como as pessoas usam a web.

Em 2007 surgiram novas evidências de que os americanos passavam mais tempo online com conteúdo do que com ferramentas de comunicação, como e-mail.

Segundo um estudo da Associação de Publishers Online, quase a metade (47%) de todo o tempo passado na web era dedicada a conteúdo, contra 34% em 2003. O estudo também descobriu uma redução significativa no tempo dedicado à comunicação, de 46% em 2003 para 33% em 2007.

Os autores do estudo atribuíram a tendência para uma audiência voltada para o conteúdo a quatro fatores que abrem mais as portas da web ou poupam tempo aos usuários:

- Maior disponibilidade da internet graças ao maior índice de penetração da banda larga

- Aumento na audiência de vídeos online

- Aperfeiçoamentos na tecnologia de máquinas de busca que permitem que os usuários "encontrem com maior facilidade e rapidez o conteúdo exato que procuram"

- Maior produção de conteúdo para a web.

Como os usuários de internet gastam seu tempo online
2003 x 2007

% de tempo online 2003% de tempo online 2007Alteração da % de tempo online 2003-2007
Conteúdo34%47%+37%
Pesquisa3%5%+35%
Comércio16%15%-5%
Comunicações46%33%-28%
Total100%100%--


O que não está claro é se a receita extra que poderia resultar do fato de os consumidores passarem mais tempo online com conteúdo - e notícias em particular - será suficiente para compensar o fraco crescimento das receitas de publicidade em plataformas de mídia mais antigas, como televisão e jornais. Os dados atuais sugerem que os gastos com anúncios na internet, incluindo notícias, estão crescendo. Mas os dois índices estão desacelerando. (Ver Seção Economia e Capítulo de Publicidade.)

Nessa corrida entre conteúdo e comunicação, o e-mail ainda é a atividade isolada mais popular na internet. Segundo dados do Projeto Pew realizado no final de 2007, 60% dos usuários da internet disseram que enviavam e recebiam correio eletrônico, comparados com 37% que recebiam notícias ou 19% que assistiam qualquer tipo de vídeo.

E segundo Lee Rainie, diretor do Projeto Pew de Internet, as pessoas também estão se comunicando em sites de redes sociais como MySpace e Facebook, atividade que não é captada pelas organizações de pesquisa.

Notícias pelo telefone

Se a web está se tornando uma atividade mais horizontal e o conteúdo exerce maior atração, que parte dele está indo para os telefones celulares?

Em 2007, evidências sugerem que o acesso online através de celulares ainda era uma atividade de nicho. A estréia do iPhone da Apple em junho de 2007 poderá começar a mudar isso. Em fevereiro de 2008 a companhia projetou vendas de 10 milhões de iPhones até o final do ano. Além disso, outras empresas de tecnologia como a Google estão desenvolvendo software e outras tecnologias para facilitar o uso da internet pelo telefone.

Essas companhias, porém, têm um longo caminho a andar. Em março de 2007, último período cujos dados estão disponíveis, mais de 60% dos usuários de banda larga nos EUA possuíam um aparelho celular com acesso à internet, mas apenas 5% relatavam usar a internet com eles, de acordo com pesquisa realizada pela firma Media-Screen.

Outro estudo, conduzido em julho de 2007 pela firma de web design Avenue A|Razorfish, que desenvolve aplicativos e layouts, sugere que o uso da internet via celular é maior, com 36% das pessoas usando-o para verificar informações sobre tempo, notícias ou esportes. Mas 64% disseram que nunca usavam o telefone para isso. Além disso, 76% nunca tinham visto vídeo em seus celulares.

Das pessoas que usam o celular online, que sites de notícias tendem a visitar? Dados de janeiro de 2007, seis meses antes do lançamento do iPhone, revelaram que é uma mistura de notícias tradicionais, pura brincadeira e sites de esportes.

Por enquanto, os consumidores mais fortes de vídeo no celular parecem ser homens e jovens, segundo pesquisa realizada pela comScore, uma importante firma de medições online. O uso geral mais freqüente deverá aumentar quando e se outros grupos demográficos se tornarem usuários mais habituais.

"Enquanto o uso da TV móvel é uma tendência crescente entre os usuários de celular, seus atuais adeptos parecem ser os que logo adotam novas tecnologias", disse Serge Matta, vice-presidente sênior da comScore Telecom Solutions. "Como é o caso da maioria dos ciclos de vida de tecnologia, os primeiros adeptos incluem muitos consumidores homens e jovens. Quando os primeiros adeptos tiverem a oportunidade de se envolver plenamente com a tecnologia e compartilhar suas experiências com colegas, a TV móvel terá uma probabilidade muito maior de atingir um aumento crítico no mercado."

Podcasts

Assim como o uso de celulares para acessar a internet, os podcasts são populares apenas entre poucos, no início de 2008.

O número de americanos que possuem tocadores de MP3, como o iPod da Apple, continua aumentando. Cerca de um terço dos americanos (30%) com mais de 12 anos possuía um iPod ou outro MP3 player em 2007, um aumento de 8 pontos percentuais sobre o ano anterior.

E não faltam podcasts prontos para transmitir para esse telefones. Segundo o PodNova, um site da internet para colocar e encontrar podcasts e videoblogs, havia 90 mil deles online em 2007.

Mas somente 13% dos americanos com mais de 12 anos, ou 32 milhões de pessoas, já escutaram podcasts, segundo a Arbitron. E apenas 1% baixam um podcast em um dia típico, segundo James Belcher, um analista sênior da eMarketer.

Isso não parece ter afetado o inventário de podcasts de notícias.
Segundo a Podcast Alley, uma organização que rastreia o conteúdo e tendências de podcast, havia 36.018 podcasts em outubro de 2007. Destes, 984 enfocavam notícias e política. E dos 10 mais que a Podcast Alley acompanhou em outubro a metade era de notícias e política. (Ver Capítulo Rádio.)

Medição de audiência online: o maior desafio da web?

Todas as mudanças nos hábitos de audiência online tornaram ainda mais difícil um trabalho duro - a medição. Como a audiência está intimamente ligada aos dólares de publicidade, a constante falta de um método padrão para contar espectadores é uma fonte de crescente frustração, especialmente para os marqueteiros.

Nos últimos vários anos, os grandes nomes que um dia dominaram a indústria de medição online - notadamente comScore e Nielsen//Net Ratings - ganharam a companhia de vários outros, incluindo a Google. Esses novos nomes no mercado oferecem maneiras muito diferentes de avaliar a utilização da rede que muitas vezes produzem números de tráfego muito diferentes, até para o mesmo site. Em suma, não há dados de aferição padronizados para os anunciantes, como há, por exemplo, para as redes de televisão.

Para alguns anunciantes, a incerteza da avaliação do tráfego na web pode estar por trás de uma desaceleração no índice de crescimento da publicidade online - de 36% em 2006 para 26% em 2007. Quando se trata de medir com precisão o tráfego, os riscos para as operadoras de sites e para os anunciantes são altos. Exceto por um percurso acidentado quando a bolha das pontocom estourou em 2000, os gastos em publicidade online cresceram de maneira robusta a cada ano. E mesmo com uma desaceleração a web gerou mais de US$ 15 bilhões só nos primeiros nove meses de 2007, segundo os dados mais recentes divulgados pelo Interactive Advertising Bureau, uma associação setorial que ajuda as companhias de mídia a aumentar suas receitas de publicidade. (Ver Seção Economia.)

"A medição é um dos motivos pelos quais os compradores não estão movimentando ainda mais dinheiro online", disse Wenda Harris Millard, presidente de mídia da Martha Stewart Living Omnimedia e ex-chefe de vendas na Yahoo. "É terrivelmente frustrante. É um dos obstáculos que nos impedem de realmente avançar."

Vários especialistas acreditam que o forte crescimento da receita só vai continuar se houver um acordo geral sobre a precisão das medições do tráfego online.

Em sua infância, a web atraiu muitos anunciantes que supunham que o público deixava pegadas mensuráveis quando clicava num anúncio. Ao contrário de outras plataformas de mídia - rádio, televisão e jornais -, os anunciantes não precisariam mais adivinhar o número de pessoas que viram determinado anúncio.

Os anunciantes foram atraídos pelos sites que geravam maior tráfego, por isso os visitantes únicos e as page views tornaram-se estatísticas vitais para as empresas de mídia e os anunciantes ("visitantes únicos" é o número de pessoas que entram em um site e "page views" é o número de páginas vistas pelos visitantes). A Nielsen Net//Ratings, juntamente com a comScore, comandava a cena, permitindo que os marqueteiros tomassem decisões empresariais importantes com base no volume de tráfego.
Mas enquanto os anunciantes despejavam dinheiro na web alguns manifestavam insatisfação pelo modo como o tráfego era medido. E recentemente essas inquietações ficaram mais ruidosas.

Em abril de 2007, Randall Rothenberg, presidente e CEO do Interactive Advertising Bureau, publicou uma carta aberta pedindo uma auditoria de como a comScore e a Nielsen//Net Ratings avaliavam o tráfego na web.
"Simplesmente não podemos deixar que a internet, a mídia mais contabilizável já inventada, caia nos mesmos maus hábitos que prejudicaram mídias anteriores e irritam os anunciantes há décadas", escreveu Rothenberg.

Alguns também se perguntavam se havia mais dados valiosos - como quanto tempo um usuário passa em um site - do que visitantes únicos ou page views.

Essas perguntas tornaram-se especialmente relevantes com a ascensão do consumo de vídeo online. Quando alguém vê um vídeo online, em comparação com texto, pode haver uma queda no número de page views, mas o tempo total gasto pela pessoa online pode aumentar.

A imagem fica ainda mais confusa com a crescente popularidade do Ajax, uma tecnologia da web que atualiza os dados automaticamente, sem que o usuário precise recarregar a página. Por exemplo, no site de finanças do Yahoo, os preços das ações mudam constantemente conforme seu valor muda em tempo real em Wall Street. Como as páginas que usam a tecnologia Ajax não são continuamente renovadas, os page views diminuem, sem levar em conta o fato de que os usuários estão passando mais tempo no site.

Para os anunciantes, essas mudanças criam uma oportunidade diferente, e talvez até mais valiosa, de alcançar os consumidores porque eles estão envolvidos com um determinado site por um período maior de tempo.

Em uma medida que reflete a constante evolução da indústria de medições online, a Nielsen//Net Ratings anunciou no verão de 2007 que modificaria o método de classificação dos principais sites da web. Hoje, em vez de contar os visitantes, a Nielsen calcula quanto tempo o visitante médio passa em um site.

"O page view foi denunciado como medição imperfeita no ano passado e a Nielsen claramente escutou seus clientes e tentou se antecipar às coisas com esta nova métrica", disse Jeff Lanctot, um vice-presidente sênior da Avenue A|Razorfish.

Outros, porém, dizem que essa mudança é apenas uma medida preliminar no sentido de estabelecer um melhor sistema de rastreamento. Segundo Robert Niles, editor da Online Journalism Review, o anúncio da Nielsen é "apenas um passo de bebê em direção ao objetivo maior de limpar a bagunça que é a aferição de audiência online".

A Nielsen e a comScore não são mais as donas do campo. As críticas a essas empresas, que empregam metodologias baseadas em painéis de consumidores, se intensificam. Alguns críticos afirmam que esses painéis não têm representação de estudantes universitários, hispânicos e outros grupos demográficos.

Um número crescente de serviços menores que rastreiam as medições online tem surgido recentemente, mas é difícil citar todos. Entre os mais conhecidos, que geralmente possuem metodologias de amostragem radicalmente diferentes, estão Alexa, Quantcast e Hitwise.

O Hitwise parece ter surgido dessa nova safra como uma nova força importante no setor. Seus dados são regularmente citados por publicações como Broadcasting & Cable, Wired e Forbes.

Fundada na Austrália em 1997 e introduzida nos EUA em 2003, a Hitwise coleta seus dados de forma muito diferente da comScore e da Nielsen, que confiam em painéis de usuários. Elas reúnem esses usuários instalando software nos computadores dos participantes para registrar seu comportamento online. A Hitwise, em comparação, coleta dados anônimos enviados diretamente por provedores de internet como Verizon, Comcast e AOL. Ao todo, 25 milhões de usuários online são incluídos na amostragem, embora alguns críticos afirmem que é inclinada para usuários domésticos e não alcance os que navegam a web no trabalho.

O diretor de pesquisa global da Hitwise, Bill Trancer, afirma que os dados baseados nessa amostragem maior permitem que seus clientes estudem o comportamento de seus clientes na web em um "nível granular". Além do número de visitas a um site, os clientes podem ver exatamente sua parcela do mercado online e até a composição por sexo e idade de seus usuários.

Para a Barenecessities.com, um loja online de roupas íntimas femininas, o número de visitantes únicos mensais a sua página na web não é o único dado de que precisa.

A Barenecessities.com usa a Hitwise para rastrear como suas rivais menores, não tradicionalmente acompanhadas pelas maiores companhias de medições, estão se saindo na rede, segundo Dan Sackrowitz, vice-presidente de marketing e desenvolvimento de negócios da companhia.

A indústria de medições online irá imitar o mercado de videocassetes dos anos 1970 e 80 - um vencedor claro (VHS) e um perdedor claro (Beta)? Por enquanto, não parece que será o caso. A ascensão dessas empresas menores e mais novas que aspiram a moldar o mundo das aferições na web será um avanço bem-vindo para os anunciantes e as empresas que há muito procuram mais de uma opção. Várias métricas poderão continuar prosperando e competindo, oferecendo uma imagem mais completa.

"A publicação na web é complexa e fascinante", disse Katie King, principal estrategista digital na filial da Marsteller Interactive em Washington, D.C. "Os atores mais bem-sucedidos estão sempre encontrando novas maneiras de analisar o que fazem. Embora acompanhar o ritmo das mudanças seja difícil para todos nós, acredito que ter várias ferramentas de rastreamento é uma vantagem e me dá uma fonte de informações mais rica."

Outros dados também sugerem que o acesso as conexões à internet em banda larga está crescendo robustamente nos EUA.

Segundo dados publicados pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos EUA, o número de conexões em banda larga em 2006 aumentou 61%. Em dezembro de 2006 havia 82,5 milhões de linhas de alta velocidade, um aumento de 31,3 milhões desde o mesmo mês de 2005. Em 2005 o número cresceu 37%.

Desde 2000, o número de linhas de alta velocidade aumentou 1.122%, segundo dados da FCC.

Uma maioria substancial de linhas de alta velocidade, ou banda larga, está conectada através de um modem a cabo ou linha de assinante digital (DSL), que transmite por cabos telefônicos. Segundo a FCC, cerca de 70% de todas as linhas de banda larga recaem em uma dessas categorias. Outros estudos sugerem que sua participação pode ser ainda maior.
O que explica seu recente crescimento?

"O fator mais importante é o empurrão agressivo das companhias telefônicas para oferecer planos acessíveis de DSL que concorrem com as ofertas do cabo", disse Lee Rainie, diretor do Projeto Pew de Internet e Vida Americana. "Isso levou algumas operadoras de cabo a reduzir os preços, também. Os dois lados incrementaram seu marketing drasticamente. Outro fator foi que um número cada vez maior de pessoas foi atraído para o conteúdo e as atividades que podem realizar online."

Os usuários de banda larga vêem mais páginas da web, incluindo de notícias e videoclipes online, do que os que se conectam pelo sistema discado, segundo pesquisa da Pew Internet. O acesso por banda larga oferece mais oportunidades de telecomunicação, educação a longa distância e tratamento de saúde online não muito disponíveis nas áreas rurais, por exemplo. Em resposta, houve uma crescente pressão por uma política pública para expandir as linhas de banda larga.

Para reforçar sua pressão por um papel mais ativo do governo, os defensores indicam dados internacionais que mostram os EUA atrasados em relação a outros países industrializados no número total de linhas de alta velocidade. Segundo dados de junho de 2007 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, os EUA estão hoje em 15º lugar em número de assinantes de banda larga por 100 habitantes.

Internet em alta velocidade

Em setembro de 2007 o número de americanos que acessava a rede por uma conexão de alta velocidade atingiu pela primeira vez a maioria dos usuários. Em dezembro, o projeto Pew de Internet concluiu que 54% de todos os adultos online tinham conexão de alta velocidade em casa, contra 45% no mesmo mês em 2006.

Penetração de conexão em banda larga e discada em residências
% de usuários da internet

Fonte: Pew Internet & American Life Project, http://pewinternet.org/

Outros dados também sugerem que o acesso as conexões à internet em banda larga está crescendo robustamente nos EUA.

Segundo dados publicados pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos EUA, o número de conexões em banda larga em 2006 aumentou 61%. Em dezembro de 2006 havia 82,5 milhões de linhas de alta velocidade, um aumento de 31,3 milhões desde o mesmo mês de 2005. Em 2005 o número cresceu 37%.

Desde 2000, o número de linhas de alta velocidade aumentou 1.122%, segundo dados da FCC.

Uma maioria substancial de linhas de alta velocidade, ou banda larga, está conectada através de um modem a cabo ou linha de assinante digital (DSL), que transmite por cabos telefônicos. Segundo a FCC, cerca de 70% de todas as linhas de banda larga recaem em uma dessas categorias. Outros estudos sugerem que sua participação pode ser ainda maior.

O que explica seu recente crescimento?

"O fator mais importante é o empurrão agressivo das companhias telefônicas para oferecer planos acessíveis de DSL que concorrem com as ofertas do cabo", disse Lee Rainie, diretor do Projeto Pew de Internet e Vida Americana. "Isso levou algumas operadoras de cabo a reduzir os preços, também. Os dois lados incrementaram seu marketing drasticamente. Outro fator foi que um número cada vez maior de pessoas foi atraído para o conteúdo e as atividades que podem realizar online."

Os usuários de banda larga vêem mais páginas da web, incluindo de notícias e videoclipes online, do que os que se conectam pelo sistema discado, segundo pesquisa da Pew Internet. O acesso por banda larga oferece mais oportunidades de telecomunicação, educação a longa distância e tratamento de saúde online não muito disponíveis nas áreas rurais, por exemplo. Em resposta, houve uma crescente pressão por uma política pública para expandir as linhas de banda larga.

Para reforçar sua pressão por um papel mais ativo do governo, os defensores indicam dados internacionais que mostram os EUA atrasados em relação a outros países industrializados no número total de linhas de alta velocidade. Segundo dados de junho de 2007 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, os EUA estão hoje em 15º lugar em número de assinantes de banda larga por 100 habitantes.

Tradução: Luiz Roberto Gonçalves