Infinitivo que completa outro verbo não se flexiona

"Havana acusa os opositores de agir a serviço dos EUA."

O emprego do infinitivo, flexionado ou não, costuma causar muita confusão. A frase acima, correta, exemplifica um dos mais frequentes casos de dúvida. Afinal, "agir" ou "agirem"?

Quem opta pela forma "agirem" toma a expressão "os opositores" por sujeito da forma verbal "agir", mas, na verdade, essa expressão é o complemento (objeto direto) do verbo "acusar". Essa constatação pode ajudar a compreender a questão.

Quando substituímos a expressão por um pronome, aparece uma forma átona (própria de objeto direto): "acusou-os de agir". Quando se emprega o pronome átono, a hesitação desaparece - fica bem mais fácil perceber que "agir" completa o sentido de "acusar" ou que ambos os verbos constituem uma espécie de locução (acusar de + infinitivo).

Nesse tipo de estrutura, evita-se, por desnecessária, a flexão do infinitivo. Assim: acusou-os de fazer, impediu-os de sair, levou-os a abandonar, convidou-os a sair, estimulou-os a fazer, incentivou-os a estudar etc.

Observe que, em todos os casos, uma preposição interpõe-se entre o objeto e o verbo no infinitivo. Essa preposição liga o segundo verbo ao primeiro (acusar de + infinitivo, levar a + infinitivo etc.). Na presença do pronome, fica mais fácil perceber por que não há flexão. A presença do substantivo pluralizado "contamina" a concordância, levando a construções como "acusar os opositores de agirem". Basta lembrar, porém, que não pode haver uma preposição entre o sujeito e o verbo, o que nos leva à construção correta: "acusou-os de agir".