Substantivos "vale-tudo" e "bate-boca" têm hífen

"Mockus agradeceu os 3,5 milhões de votos obtidos (...), pregando o fim do 'vale tudo' político."

"Trata-se, antes, de reagir ao vale tudo, ao ambiente rebaixado que se generalizou no Legislativo do país."

As dúvidas de colocação do hífen são as mais frequentes quando o assunto é ortografia, principalmente depois da última reforma ortográfica, ainda não inteiramente absorvida pela maioria dos usuários da língua.

Os termos compostos que perderam os hifens são aqueles cujos elementos se ligam por meio de um conectivo (preto e branco, verde e amarelo, dona de casa, mula sem cabeça, pai de santo, mão de obra etc.).

Note-se que coexistem as grafias "verde e amarelo" e "verde-amarelo", bem como "vai e vem" e "vaivém". O hífen só desaparece quando há um conectivo entre os termos. Isso vale para a maioria das palavras, mas não vale para os nomes de espécies animais e de espécies botânicas, que continuam grafados com os antigos hifens: "bicho-da-seda", "cana-de-açúcar" etc.

A boa notícia é que há regras fáceis de lembrar (e que não têm exceção). É o caso do hífen nos substantivos compostos cujo elemento inicial é um verbo: vale-tudo, bate-boca, porta-malas, porta-retrato, guarda-chuva, guarda-sol etc.

É sempre bom, porém, ficar atento à construção dos períodos. Por exemplo, em frases como "Fulano bate boca com a mulher" ou "Nesse tipo de confronto, vale tudo", não são os substantivos compostos "bate-boca" e "vale-tudo" que aparecem, mas as formas verbais seguidas de seu complemento. O hífen só se justifica na grafia dos substantivos compostos "bate-boca" e "vale-tudo".

Abaixo, os fragmentos corrigidos:

Mockus agradeceu os 3,5 milhões de votos obtidos, pregando o fim do vale-tudo político.

Trata-se, antes, de reagir ao vale-tudo, ao ambiente rebaixado que se generalizou no Legislativo do país.