A crase e os nomes de cidades

"O deputado federal Sarney Filho (PV-MA) atuou nos últimos 15 dias para convencer Lula a não ir à Natal..."

Muito bem. Temos aqui um caso de uso indevido do acento grave, indicador da ocorrência de crase. Como sabemos, a crase é a fusão da preposição "a" com outro "a", que, na maior parte das vezes, é um artigo feminino.

É bom que se diga que, antes dos nomes de cidades, geralmente não se usa artigo (existem umas poucas exceções, como o Rio de Janeiro ou mesmo Recife, que admite - mas não requer necessariamente - o uso do artigo).

Assim, antes de nomes de cidades, não há artigo; nessa situação, portanto, não ocorre crase: "Ir a São Paulo", "ir a Campinas", "ir a Fortaleza", "ir a Cuiabá", "ir a Paris", "ir a Nova York", "ir a Roma" etc.

Observe-se, entretanto, que isso não ocorre com os nomes de Estados, regiões ou países. No caso desses topônimos, vale a tradição, segundo a qual alguns recebem o artigo e outros não. Assim: "Ir a Israel", "ir a Cuba", "ir à Itália", "ir à França", "ir ao Egito", "ir ao Brasil", "ir à China" etc.

Para facilitar, vale a dica: substitua o verbo "ir" pelo "vir" e experimente a preposição "de", contraída ou não com os artigos, diante dos nomes de lugar. Assim: "Vir de Paris" (sem artigo), "vir da Itália" (com artigo), "vir de Israel" (sem artigo), "vir da Europa" (com artigo), "vir de Belo Horizonte" (sem artigo), "vir de Natal" (sem artigo). Esse "truque" permite testar a existência do artigo antes dos topônimos em geral. Havendo artigo feminino, ocorrerá a crase. Nos demais casos, não.

A frase do início tem abaixo a sua correção:

O deputado federal Sarney Filho (PV-MA) atuou nos últimos 15 dias para convencer Lula a não ir a Natal...

Um abraço,
Thaís Nicoleti