"Box" ou "boxe"?

"O box do chuveiro estourou, enquanto a dona [da casa] tomava banho."

O assunto são as casas do bairro paulistano do Butantã que vêm sofrendo avarias em razão das obras do metrô. Muito bem. A questão gramatical, certamente menos aflitiva que a vivenciada pelos moradores do Butantã, é a grafia da palavra... "boxe"!

Sim, em português, não existe a palavra "box" - em nenhum dos sentidos em que é empregada.

O compartimento do banheiro destinado ao banho de chuveiro é chamado (aqui, no Brasil) de "boxe". O termo também designa os compartimentos de uma cavalariça (as baias) e, por extensão, cada um de uma série de compartimentos separados entre si por divisórias (em banheiros públicos, por exemplo, cada cubículo é um boxe).

Nas corridas automobilísticas, também se usa a palavra: cada um dos espaços onde as escuderias montam as suas oficinas para atendimento dos carros que disputam a prova chama-se "boxe" - sempre com a letra "e" no final.

Em editoração, usa-se o termo "boxe" para nomear a parte de uma página impressa, diferenciada do resto da página graças, basicamente, à utilização de fios ou cercadura. O recurso é muito comum em jornais e em livros didáticos.

Permeia todos esses sentidos a idéia de "compartimento pequeno" ou "caixa", significados básicos da palavra inglesa "box", que adquiriu, em português, a forma "boxe".

A luta entre dois contendores que, com luvas apropriadas, se enfrentam - um tentando derrubar o outro com murros - é a luta de "boxe", o esporte olímpico conhecido também como "pugilismo". O nome deriva do inglês "boxing" ("luta que se pratica com os punhos fechados"), que vem do verbo "to box" ("bater", "surrar com os punhos").

Usemos, portanto, a grafia "boxe" em quaisquer circunstâncias.

"O boxe do chuveiro estourou, enquanto a dona [da casa] tomava banho."

Um abraço,
Thaís Nicoleti