Mal ou mau?

Entre os homófonos da língua portuguesa, o par "mau" e "mal" é um dos que constantemente provocam dúvidas. Em princípio, basta apelar para os seus antônimos, "bom" e "bem", que podem com eles permutar nas frases. Assim: Ele se saiu bem/ Ele se saiu mal, Ele é um bom rapaz/ Ele é um mau rapaz, Aquele foi um exemplo de bom comportamento/ Aquele foi um exemplo de mau comportamento.

Gramaticalmente, "mal" é um advérbio (oposto a "bem") e "mau" é um adjetivo (oposto a "bom"). Suas funções, portanto, são diferentes. Ao advérbio cabe modificar os verbos (cantar mal), os adjetivos (muito mau) e até mesmo outros advérbios (cantar bem mal); ao adjetivo cabe caracterizar o substantivo (mau comportamento, má fama, boa vontade, bom gosto). Em "cantar mal", "mal" é o advérbio; em "muito mau", "muito" é o advérbio e "mau" é o adjetivo; em "cantar bem mal", "bem" é advérbio e "mal" também.

"Mal" e "bem" também se empregam como prefixos em formações como "mal-educado", "bem-educado", "mal-humorado", "bem-humorado" etc. "Mal", em particular, pode ainda aparecer como conjunção subordinativa temporal ("Mal chegou, teve de enfrentá-lo").

"Bem" e "mal" podem ser substantivos: "O bem e o mal, às vezes, andam juntos". "Mal" pode ser um sinônimo de doença, daí aparecer em muitos compostos como "mal-de-são-lázaro" (sinônimo de "hanseníase" ou "lepra"). Hoje, a tendência é empregar o substantivo "mal" seguido de locução adjetiva com o nome do médico ou cientista que descobriu a doença ou sua cura. Assim: mal de Alzheimer, mal de Parkinson etc.

Um abraço,
Thaís Nicoleti